Como equilibrar vida pessoal e profissional?

Um olhar da psicanálise e da neurociência

Muita gente sente que está sempre correndo atrás de algo: trabalho, casa, família, estudos… e, mesmo fazendo tudo, sente que está em falta com alguma parte da vida. Esse “desequilíbrio” é muito comum hoje em dia, principalmente para quem tem muitas responsabilidades ou vive fora do país.

Mas será que dá pra ter tudo em equilíbrio o tempo inteiro? Ou será que precisamos aprender a escutar melhor o que realmente importa pra gente?

O que a psicanálise tem a ver com isso?

A psicanálise, criada por Sigmund Freud e ampliada por Jacques Lacan, mostra que a gente não é guiado só pela razão. Muitas vezes, mesmo sem perceber, agimos a partir de sentimentos antigos, desejos escondidos e ideias que formamos lá atrás, na infância.

Por exemplo: tem gente que se entrega ao trabalho sem parar. Às vezes, isso acontece porque essa pessoa aprendeu que só tem valor quando está sendo produtiva. Outras pessoas se cobram para dar conta de tudo, querendo ser perfeitas em casa e no trabalho – como se o valor delas dependesse disso.

Segundo Freud, todo ser humano vive com algum tipo de conflito interno. Lacan vai além e diz que somos “divididos”: queremos coisas diferentes ao mesmo tempo, e nem sempre sabemos explicar o porquê.

Então, buscar equilíbrio é mais do que organizar o tempo. É aprender a se escutar com mais atenção, entender o que está por trás das nossas escolhas e encontrar um jeito mais verdadeiro de viver.

O que a neurociência mostra?

A neurociência estuda como o nosso cérebro funciona. Quando estamos sob estresse constante, o corpo entra em estado de alerta. O cérebro libera uma substância chamada cortisol, que serve para nos proteger em situações de perigo, mas em excesso atrapalha.

De acordo com estudos de Daniel Siegel e Joseph LeDoux, quando o estresse é constante, o cérebro emocional (especialmente a amígdala) assume o controle, e o cérebro racional (o córtex pré-frontal) fica enfraquecido. Isso pode causar irritação, cansaço mental, dificuldade de foco e até bloqueios na tomada de decisões.

Mas o cérebro também tem algo chamado neuroplasticidade, ou seja, ele pode mudar e se reorganizar com pequenas atitudes no dia a dia.

Dicas simples para buscar mais equilíbrio:

1. 🧘‍♀️ Faça pequenas pausas ao longo do dia
   Respirar fundo, alongar o corpo, dar uma volta no quarteirão ou até tomar um café com calma ajuda o cérebro a sair do modo de “correria” e voltar ao centro.

2. 🧥 Crie rituais de transição
   Quando sair do trabalho, mude de roupa, ouça uma música ou tome um banho. Isso ajuda o cérebro a entender que uma parte do dia terminou.

3. 📓 Fale ou escreva o que está sentindo
   Segundo pesquisas citadas por Matthew Lieberman, nomear emoções ajuda a equilibrar o cérebro e a reduzir o impacto dos sentimentos difíceis.

4. 🧠 Observe seus próprios padrões
   Perguntar a si mesmo(a): "Por que estou tão cansado(a)?", "Estou tentando dar conta de tudo por quê?" pode ser o começo de um novo jeito de se cuidar.

5. 🪞 Considere fazer psicoterapia
   Falar com um(a) psicólogo(a) pode ajudar muito a entender o que está por trás das suas dificuldades, repensar padrões repetitivos e encontrar formas mais saudáveis de lidar com as demandas emocionais do dia a dia. Não é sobre ter respostas prontas, mas sobre construir caminhos com mais consciência e liberdade.

Equilíbrio não é perfeição, é escuta

Viver em equilíbrio não é ter tudo sob controle. É conseguir olhar com carinho para as próprias necessidades, aceitar os limites e fazer escolhas mais conscientes.

Às vezes, o que a gente chama de "falta de equilíbrio" é, na verdade, um sinal de que precisamos mudar o ritmo e olhar pra dentro.

🌱 Se esse texto te fez pensar, talvez seja um bom momento para se escutar com mais calma.
Não é sobre fazer mais, é sobre fazer com mais sentido.